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Imagem: Ueslei Marcelino / Reuters
Às vésperas da Copa e em ano eleitoral, Dilma Rousseff já enfrenta nova onda de greves no funcionalismo federal.
A paralisação poderá atingir ao menos 500 mil servidores, afetar serviços que vão da segurança de aeroportos à fiscalização de fronteiras e mexer com o humor do Planalto.
Ontem, funcionários de consulados cruzaram os braços. A paralisação continua hoje e, segundo o Itamaraty, afetou nove postos, como Nova York e Paris, além de serviços como emissão de vistos e certidões de nascimento.
Na semana passada, a base de servidores da administração federal aprovou indicativo de greve para 10 de junho – a dois dias da Copa.
A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal, que representa grande parte desses servidores, também quer fazer atos em 12 de junho nas cidades-sede.
Na Copa, há ameaça de paralisação de agentes, escrivães e papiloscopistas da PF.
Os sindicatos aproveitam o cenário político delicado, de crise de popularidade de Dilma e de tensão pré-Copa, para pressionar o Planalto.
"Se continuar a intransigência, a caracterização será a de um governo que não dialoga com o trabalhador. E isso terá impacto [na eleição]", diz Gibran Jordão, coordenador-geral da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras, que lidera greve que já dura quase dois meses.
A lei diz que é proibido dar aumento geral a servidores em ano eleitoral. Mas, em 2006, Lula concedeu reajustes pontuais a algumas categorias.
Recai sobre Dilma a responsabilidade de não ter mexido, desde 2012, na regulamentação do direito de greve do servidor federal, que definiria parâmetros objetivos para o funcionamento pleno das atividades durante a Copa.
Não há regra clara sobre quantos servidores deveriam trabalhar nas paralisações das próximas semanas.
Tai Nalon e Flávia Foreque
Folha de S. Paulo Editado por Folha Política